quarta-feira, 13 de novembro de 2013

É Pica


Esta aconteceu em Maricá, região metropolitana do Rio de Janeiro. A professora do ensino fundamental para crianças de cinco e seis anos, juntou suas economias e comprou tintas atóxicas, para pintar os petizes e ministrar uma aula lúdica para os guris. A intenção era criar um Maricarnaval. Uma folia fora de época, a fim de despertar nos meninos a interação do grupo a partir de brincadeiras, músicas folclóricas e cantigas de roda.
Pacientemente, ia pintando um a um, de acordo com a vontade e os sonhos da criançada. Tinha pato, cachorro, heróis dos gibis e da televisão:

— Tia, a senhora pode me pintar de Hulk?

— Não! Eu tenho pouca tinta verde.

— Pode fazer um Hulk  vermelho mesmo, eu não ligo!!!
A coisa ia acontecendo como ela previra. Os alunos estavam em êxtase absoluto. Todos muito felizes com a experiência. Valera à pena o empreendimento.

O Maricarnaval teria que se repetir todos os anos. Neste momento de reflexão se aproxima um garotinho de apenas cinco anos e entusiasmado pergunta à mestra:

— Tia, pode escrever que eu sou pica no meu corpo?

— Que isso, menino? Vou mandar uma repreensão aos seus pais. De onde você tirou esse absurdo? Não posso pintar isto, não! Pensa em uma outra coisa!!!

— Tá bom, fessora!!! Então escreva que eu sou foda mesmo, serve!...


2 comentários:

  1. Geraldo Ferreira de Lima14 de novembro de 2013 às 02:23

    Todos os microcontos são frutos de fatos reais. Isto mostra a degradação da sociedade brasileira. É sério. Brizola e Darcy Ribeiro já haviam apontado a Educação como o único caminho de mudança.

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