sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Filipe com I e Luz

Filipe chegou com “i” para inovar o nascimento.
Com a inspiração dos anjos, para irmanar os separados.
Para irradiar energia à avó, a irreparável força da vida.
Fez sorrir sem fazer graça e chorar sem distribuir dor.

Tem no olhar a magia dos animais
que nos dizem todas as coisas
ditas sem voz e palavras.

Pequeno gigante
que aporta no porto da vida.
Tem o seguro de pai e mãe
e a garantia de avós.
A garatuja de iguais.
A promessa de cirandas.
A certeza da mira dos gudes.

Meu pequeno Filipe com “i”.
Invasor de nossos sonhos.
Intercessor de nossos caminhos.
Príncipe de todos os reinos.
Depositário de todas as nossas esperanças.

Vaga uma lenda
que no farol de sua estrada
as luzes não vão se apagar.
E as estrelas, todas elas,
serão para sempre suas.
São guizos para te fazer cantar.

No mundo podes escolher
tudo que lhe convir.
Religião, clube, profissão e mulher.
Mas pese bem cada escolha,
Pra não errar de Deus, não virar casaca,
não operar pelo capital e pensar que exista
alguma mulher diferente.

Meu pequeno Filipe valente.
Que ousou brotar nesta vida.
Seja bem vindo menino redentor.
Traga pra gente a sua alegria.
Receba de terno, todo o nosso amor.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Alma de poeta

Eu conheço um poeta
que mora longe,
mas vive dentro de mim.
Às vezes ele se inquieta com a minha carapaça inútil
debruça-se na alma
e se manifesta em versos.

Quando se cansa da minha capa balouçante,
que anda de ônibus
e pega trem de subúrbio,
salta meu poeta do enjoo da Cantareira
e singra mares castanhos,
às margens das terras de Araribóia.
E navega num barco à vela
em busca de rima nova ou prosa.

Onde mora a inspiração?
Seria perto do coração?
Ou salta das artérias?
Do cerebelo ou dos cabelos?
Cérebros são criadores ou receptores literários?
Poemas deixam ou adentram o corpo?

Vá saber, vago poeta!
Que de todo muito
me conta um pouco.
E de todo pouco sempre vale muito.
Artesão de frases que voam
e às vezes pousam, às bordas da emoção.
Poeta invasor ou intercessor.
Pouco importa a sua origem.
Escreva mais na minha alma
que eu lhe confesso o meu segredo:
Sou caçador de sonho azul.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

As ruas da minha cidade

Uma rua que se liga a outra rua.
E mais outra que entrecorta uma avenida,
que termina numa praça,
e dá entroncamento a outras ruas.

São caminhos desta cidade,
onde, com sorte,
todos os dias,
entre duas colunas de prédios,
a lua vem lavar de prata
a minha janela.

Ainda pego a estrada
e volto às minhas origens,
onde os astros
vinham iluminar
os nossos ninhos.

Uma rua e outra rua.
Onde com sorte
passa um bonde
que me carrega
pro longe
e à noite
traz minha amada.

E todas se interligam.
São caminhos
desta cidade
onde a cismar no meu canto,
entre dois pilotis,
tarda no colo o espanto.

Descíamos a Estrada da Gávea
e no rodo do bonde,
pegávamos à condução.
Se possuía um nome aquela praça,
na minha memória,
os bondes tomaram-no de assalto.

Onde com sorte eu encontro
um ou outro conhecido
que abana a mão ao acaso:
segundos de uma amizade.

Ai que saudades eu tenho
da rua solteira do meu vilarejo de outrora,
onde numa prosa eu perdia um dia
e ganhava a noite numa roda de viola.

Ai se eu pudesse, voltava,
pra minha rua descalça,
que me transportava aos galopes,
pras ruas desta cidade.
Onde uma rua se liga a outra rua
e outra a uma nova rua.
Retalhos desta metrópole do mundo.

A praia do Leblon
ficava distante,
mas apeávamos a
Marquês de São Vicente,
dobrávamos a Bartolomeu Mitre
e já estávamos lá.
O mar batia na areia
e corria como um rio.