quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Em Pasárgada com Bandeira

Vou-me embora pra Pasárgada
Atrás do amigo do rei.
Lá procuro Ciro da Pérsia
Pra que dê contas
do nosso poeta Bandeira.

Encontrado o domador das letras
Por cá dito primeiro Manuel.
Iremos à cata das mulheres
com caras de boneca.
E as beijaremos aos tantos,
nos cantos que cá não há.

Porquanto me calo em cinzas.
É canto de despedida.
No encontro das águas
do Negro com o Solimões.
Tenho sede.
Quedo por Iara, a mãe-d’água.
Nas barrancas do Amazonas
sonho a última vez
com alguma felicidade.

Sou a favorparente
de todas as rainhas loucas.
Perdoe-me a Joana da Espanha
Por não lhe ser contraparente.
Nem nora, pois me ignora.

Vou-me embora pra Pasárgada.
Não sou de portar Bandeiras.
Mas lá vou amar mais que tantos.
Terei camas e seguro de concepção.
Posso ligar no automático
pra qualquer civilização.

E se a tristeza bater
cá me arrebento todo,
mas dou um nó no desatino
e bebo uma cachaça de Uberaba
que carrego no embornal.
Pois vou-me embora pra Pasárgada
mas levo um tanto de Brasil.