sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A fábula de Santa Teresa

Numa cidade distante, mais longe do que Depois, reza a lenda ser território livre dos colibris. Mas quem dominava as calçadas de suas ruas e praças eram os canários-da-terra. Bicavam solenes as canjiquinhas e os milhos picados que, em alquimia mágica, transformavam-nos a cada dia, nos avoantes mais amarelos do lugar.

Os azulões, livres, comiam frutas silvestres, em galhos próximos, sem nunca terem experimentado a ração industrializada, doada por mãos benevolentes.

No entanto, os canários amarelinhos ciscavam sem tirar olhos das árvores, uma ameaça constante.

No horizonte interminável, ninguém arriscava um voo no quadro da natureza. Os canários-da-terra não queriam abandonar os seus ninhos e, os azulões, por sua vez, preferiam continuar em seus galhos, trinando, como mantenedores da espécie.

Ah! E os colibris, esvoaçantes, reinavam, sem ter reinado...

E nesta fábula ainda, existia o risco dos gaviões, terríveis predadores, que podiam a qualquer tempo, comer as fêmeas dos canários, dos azulões e dos beija-flores. Se é que vocês entendem conversa de passarinhos?!

Fiz um Rap


Eu só fico observando a vida por
trás das cortinas balouçantes.
Os bondes, as viaturas, as criaturas
Os chefes, os capitães, o capital
Rata tatá, rata tatá, quem tava não tá

Tem gente passando,
De bonde, de bando
Capitão foi pro quartel,
onde está o capital?

Na manifestação, tem mais de milhão
Tem bunda lelê, tem bunda lá lá
Ainda seremos, aquela nação do futuro
O futuro que chegou, totalmente sem noção.
Rata tatá, rata tatá, quem tava não tá

Onde está o meu parceiro?
Onde está o meu irmão?
Em que luta eu estava?
Em que luta eu estou?
Quem estava, não está.
Rata tatá...

Focinho de bode

O que me sacode,
me bole,
é os modes de agora.
Que me leva donde estou
até o mundo todinho,
sem que eu saia do meu pé de chão.
 
Cara de bode.
Não explico este trote.
Oxente, my love!
Estou aqui!
Onde estou?
Dizem, ó pá!
Please! Don't!
Si, si puede!

Dio, come te amo!
Se danço o xote.
Me rumam um tal de stop.
Na xota , no pode!
Oxente, diacho de troço!

Na prece da pressa.
Só vale orar pros santos deles.
Me tratam terrorista.
Diacho, nem terra eu tenho!
 
Sou gente sem posses!
O burrico que trago.
Confesso, roubei!
E mode não vejam.
Eu trago escondido.
Todim, dent'de mim!
 
Se carrego sorte.
Quem sabe, não leiam!
E possa enervar
quem quer me calar.
 
Te digo, seu moço!
Cá no coração.
Além do burrico.
Só levo uma mula na mente.
Que ela não mente.
Profere "nos escrito"...
Oxente, my love!
Focinho de bode.
 
A José Ferreira de Lima, meu pai, comunista convicto, que, no entanto, nunca quis que eu seguisse os seus passos. Um cabra arretado.
Há mais de trinta anos, sou apenas franciscano. Reparto os pedaços de mim.