quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Na casa da Aparecida


Na casa da Aparecida
Quem é de chegança
É bem-vindo
Tem vinho de boa cepa
Tem cerveja de eucalipto
Petisco à moda mineira
Abraços de antigamente
Tem pés com frutas maduras
Panela de barro e pirão

Na casa da Aparecida
Tem santos do Céu e da Terra
Tem cura pra mau-olhado e quebranto
Tem parteira benzedeira
No espanto da lua cheia
Tem grito estranho no quintal
Tem sombra de lobisomem
E sorriso afasta o mal

Na casa da Aparecida
Tem festa pra Oludumaré
Tem reza pra Jesus Cristo
Tem banho de ervas santas
Tem hostes do Cacique Pena Branca
Tem canto do galo na serra
Quando a mata estremeceu
Na casa de Aparecida
Onde a fraternidade habita
A paz faz sua morada


                           Foto: Fátima Pimentel

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Recado


Vó, não me deixe tão só.
Não me deixe tão só... Oh! Minha vó!
Eu preciso estudar!
Eu preciso aprender!
Eu preciso saber...
Oh! Minha vó!

Ando tão ocupado.
Tanta lida a levar.
Tanto sol por nascer.
Tanta coisa a fazer.
Oh! Minha vó!

Vou escrever pra você
que  é pra eu não me esquecer.
Eu preciso contar
com alguém pra contar...
cada passo que eu der. 

Minha vó das vontades,
nunca pense que eu possa
trocar o teu amor
por um outro qualquer. 

Minha casa, os amigos.
Minha mãe...
Os irmãos por chegar.
São amores distintos...
Não disparam o coração
feito estilingue...
como o que eu sinto
por você. Oh! minha vó!

Não me faça a faceta
de partir, antes que eu cresça.
Sou capaz de subir
nas alturas do Céu,
só pra reclamar. 

Minha vó, não me esqueça.
Pois por mais eu eu mereça,
não seria capaz
de encontrar...
outra assim tão avó
das minhas crenças.