terça-feira, 10 de março de 2009

O bonde de Santa Teresa

Rodas de ferro da minha cidade
Corisco das montanhas de Santa Teresa
Festa constante a transportar gente da nossa cor
Destinos e caminhos que os tem decorados de cor e salteado.

Vai seu José pedreiro, construir a parede
que o seu Manoel vai pintar de carmim.
E a dona Iracema lavadeira
vai dependurar as vestes embandeiradas nos varais.

Vai pipa raia, ave fogosa dos céus.
Mas tome tento,
pois por trás dos cata-ventos
vem um pião tenteando
sua rabiola com cerol,
pra lhe cortar o rebolado aéreo.
Batalhas insanas de uma infância
que ainda sabe voar.

De bonde em bonde
Não sei para aonde,
vai o trem alado abarrotado
a se estreitar nas ruas do bairro.

Bêbados equilibristas tragados
dos seus botequins famosos
dividem com as máquinas
o espaço das ruas que nos levam a toda parte,
a bailar a insensatez dos incautos,
a dança débil das pipas avoantes.

Rodas de ferro da minha cidade
a bordar de vida o cenário
de filmes rodados no cotidiano
das viagens dos bondes de Santa Teresa.

Um comentário:

  1. Tio , desde o meu primeiro dia lendo suas poesias sei que se há. alguém com capacidade de incentivar e ter sempre uma palavra amiga e o senhor abençoado sejas por isso e por todo o carinho que sempre coloca nos suas poesias
    Beijo da sua sobrinha Daniela

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