quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Dito e Feito


                                       Geraldo Ferreira e o povo brasileiro - MPLB

A voz do povo é a voz de Deus.
No atropelo do canto
vai nascer tirado dos provérbios
o poema do povo brasileiro.

Palavra puxa palavra.
No nascedouro da poesia
eis a magia dos versos;
Saem da alma prontos

Quem conta um conto aumenta um ponto.
Não tiro vírgula do que está dito.
A história feita vira romance
depois de correr as sete freguesias.

Quem tem telhado de vidro não atira pedras ao vizinho.
De pouco vale toda defesa,
se a natureza nos fez humanos.
Não rola pedra sem ter pedreira.

Pedra que rola não cria limo.
Deixa a paz no seu portão.
Não vale a vida
sem o limo onde brotam as suculentas.

Não há rosas sem espinhos.
Jardins antecedem pomares.
Pomares são sonhos das aves.
Bichos alados disseminam jardins e pomares.

Lua nova trovejada, 30 dias é molhada.
Da tempestade à bonança.
Tem o caminho do sol
que não raia em chuva demorada.

Nem tanto ao mar, nem tanto à terra.
Pra bom entendedor vale o lema;
O bom senso deve imperar
em todas as nossas pendengas.

Muito alcança quem não cansa.
Dito que Deus ajuda a quem cedo madruga.
E a perseverança é a chave do tamanho.
Uma vitória é uma porta da vida feita de portas.

Candeia que vai à frente alumia duas vezes.
São olhos da romaria
dos penitentes do altíssimo.
Iluminai os caminhos dos que seguem a oração.

Boa romaria faz, quem em casa fica em paz.
Porém quem pede de corpo inteiro, também sabe outro segredo.
Os pés dos primeiros passos
transpassam montanhas a píncaros.

Devagar se vai ao longe
distante que não sei lá.
No passo do passarinho
voa quem vai devagarinho.

Gaivotas em terra, tempestade no mar.
Navegar é preciso
nas costas do além-mar.
Ondas sacudidas a que distância nos leva?

Águas passadas não movem moinho;
mas passam por muitos ninhos.
Bebe a sede dos ribeirinhos.
É benta no leito santo.

Antes tarde do que nunca;
o bom filho à casa torna.
Pois é preciso cuidar:
A morte não escolhe idades.
A instrução é a luz do espírito.

Em agosto toda fruta tem gosto.
Laranja madura na beira da estrada
faz de amarelo a moldura da via.
E avia a rolagem passageira.

Ao fim desta prosa dita
nem vale firmar floreio.
Benditos sejam os povos que cantam.
Pois as palavras voam e a escrita fica.

4 comentários:

  1. O poeta procura entrar na alma do povo brasileiro. Viaja através dos ditados populares. Um ótimo jogo de palavras. alguns versos criados para ilutrar os provérbios podem ser inclusos no repertório vastíssimo e rico das máximas nascidas no ceio do povo. Muito bom!

    ResponderExcluir
  2. Querido Geraldo, fico feliz de vc voltar a poetar... Lindas imagens tecidas de provérbios populares. Vc foi muito criativo com este "Dito e Feito", que abre a temporada poética de 2013 com muitas perspectivas, boa narração e bom ritmo. Parabéns! Beijinhos da sua fã Alice

    ResponderExcluir
  3. Mais uma vez, outra grande poesia. Muito interessante o uso de ditos populares em sua poesia. Bastante criativo criar esta poesia, parabéns!

    ResponderExcluir
  4. Passando aqui, para matar a saudade de suas palavras... DITO E FEITO!
    ;)

    ResponderExcluir