sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Ver de azul


Mangueira frondosa do quintal da minha casa
Que me doa sombra
Peneira-me a chuva
Baila a dança da brisa
Uiva a ventania
Adoça-me a boca
om os rebentos teus.

Resenheira do cantar dos sabiás.
Aninheira dos gaturamas
bem-te-vis, sanhaços, gavião-rei!

Quanto tempo, ainda, resistirás,
aos caçadores de sombras?
Já lá se foram dois dos seus bravos guardiões
Pastores de pelos
Nem coube apelo
Aos teus pés...
Recordas?
Passageiros da nossa agonia.

Tua orquestra sinfônica
De todo santo dia
Faz-nos eternos
em concertos da sustentável natureza.
Mesmo de pé trocado
A cor da moda
É o azul princesa.
Na tripa da feira
Teus galhos em voga
Em cor sobre tom.

A tua lua pintada
O teu sol desenhado
A casa de telhado tosco
Tudo é azul
Só tua imponência é verde!
Dever de ver
De ver o verde
Dever de verde
Verde turquesa
Azul nobreza
Por nunca se encolher
na mais torpe tempestade.
Nunca recolher a tua sombra
na escaldante realidade.
Nunca esmorecer e deixar de florescer,
em teu jardim de altar.

Se em breve encanto
Mangueira do quintal da minha vida
Um sabiá chorão
te denunciar a altivez.
Não liga!
Faz aniversário!
Passarinhos não cantam bonaparte!

E sem talvez...
Nenhuma outra mangueira
tem sombra nobre,
como a que namoro
no quintal da minha casa.

Ver de azulGeraldo Ferreira de Lima – o poeta DAvida

 
Ver de azul

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