terça-feira, 14 de setembro de 2010

Bob Cão


Amava o meu Bob Cão.
Era um pastor vira-lata.
Às vezes latia em alemão.
Mas falava melhor no gestual e no olhar.
Parava ao meu pé calado
e num repente
beijava-me a boca.
Subia num vôo acrobático.
Era um pássaro de pelos.
Quantas festas nos fazia.
Uma dita matou-nos de susto.
Grudou um osso na boca.
Desfaleceu sem adeus.
Arrancada a farpa,
a morte não retrocedeu.
No entanto, no espanto,
um jato d’água lhe tirou
da letargia.
Ah! Meu Bob Cão.
O mais valente dos amigos.
Fazia plantão à porta,
na minha chegada de todo dia.

Bob já nos chegou idoso.
Sofria do coração.
Mas ao menor risco,
já se mostrava arisco
e nos defendia de corpo inteiro.

Houve outros ataques de dormência.
E houve um definitivo.
Sem querer meu sofrimento
ele escondeu a morte
atrás do meu esquecimento.
Lá ele deitou profundo
na cova ao pé do coqueiro,
pra que eu não percebesse,
a ausência de seus beijos.

Aninhada a perda,
meus olhos não mais
se encontraram.
Quase sempre ainda derramam
pela ausência do velho guerreiro.
Meu amigo de pelo e do peito;
Onde vou amarrar a minha vida?

6 comentários:

  1. Oh, amigo!
    "Uma perda de uma amigo não importa se cachorro é.
    Nunca lhe fez cachorrada
    Sempre abraçou-lhe com meiguice
    Acreditava e se foi além
    Na crença verdadeira
    Que sempre foi amado."

    Um abraço, do seu também amigo, Guará Matos.

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  2. Geraldo!
    Na semana passada assisti um filme sobre um cão que passou dez anos, fazendo a mesma rotina de quando seu dono ainda era vivo.
    "Aguardava, em frente à uma Estação de trem, o retorno de seu dono. (Foi uma história real).
    Por mais que lhe doa a perda de seu amigo, você o imortalizou na poesia.
    Linda homenagem.

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  3. Obrigado, Guará. Muito agradecido, Cris! Eu também vi o filme que tem o título "Para sempre ao seu lado", se não me engano. Muito marcante. Até o cachorro parece ator e nos comove bastante. Beijos.

    Geraldo Ferreira

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  4. É isso mesmo!
    "Para sempre ao seu lado."
    Olha!
    Difícil dizer quantos amigos me deixaram...
    Amigos como seu Bob.
    Um abraço!

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  5. Geraldo,
    que lindo o seu escrito em homenagem ao seu amigo canino ... realmente eles são muito especiais, inteligentes, emotivos e amigáveis .. eu tenho o meu primeiro cãozinho - da vida- há a penas um ano e já morro por ele também ...

    estou gratamente surpresa com sua companhia ...

    mas como você disse, eu também acredito que essas relações ficam para sempre ...

    um abraço!

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  6. Uau, muito, bonito o seu poema em homenagem ao "Bob amigo", Juliana não o conheceu, mas com certeza iria gostar de conhece-lo, pena que não poderia namora-lo, por que o Bob era "amigo", não podia morder ninguém e nem namorar as cadelas dos vizinhos.
    Beijos, Marcia (Vovó da Juliana).

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