Te conto, mas não me pergunte,
como é que eu sei desta história.
A fome te engole por dentro
e tem um apetite voraz.
Te come as paredes do estômago
e toma o teu suco gástrico.
Queima as entranhas.
Apaga os sonhos.
Derruba o destino.
A fome te transforma
em homem de trapo.
Que come bolo de barro.
Engole sapo.
Toma água da chuva.
Sorri da mulher com chapéu.
Acha graça do sol e da lua.
O homem da rua não chora.
Não há desatino maior que aflore.
Não há tristeza que supere
a fome de todo dia.
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA fome de comida;
ResponderExcluirA fome de afeto;
A fome educação;
A fome de moradia;
A fome de verdade;
Todas são apenas superadas pelo alimento da demagogia.
Abraços.
Eu disse que não explicaria. A fome não tem explicação mesmo. Mas dói. E nesse momento um monte de gente sem o café da manhã, não vai almoçar. E também não vai jantar. Este monte chega aos milhares no mundo inteiro. Se meu poema fosse mágico, capaz de modificar esta realidade macabra, seria uma festa. Mas o meu poema são pobres versos, repletos de fome.
ResponderExcluirGeraldo Ferreira (o autor)
A mágica amigo estar em fazer um poema tão belo quanto esse.
ResponderExcluirQuem nunca passou fome não pode avaliar a dor e o desespero de um ser humano faminto. O seu belíssimo poema faz um retrato perfeito desse sofrimento e traduz um vigoroso alerta para que haja mais justiça social no mundo. Parabens!
ResponderExcluirAdonis Karan