sexta-feira, 23 de abril de 2010

Menino do Canaã


Ao meu sobrinho Rogrigo Zanoni. Não haverá distância que ele não possa superar.



                         
No longe de Santa Teresa.
No Vale do Canaã.
Habita um menino
cercado por colibris.

A saudade veste
preguiçosas manhãs.
Atrás de montanhas,
margaridas,  magnólias
e de vacas equilibristas,
em grandes plantações de café.

Sacro de Santa Teresa.
Onde os homens não são letrados
somente com as tintas de Portugal.
Reza aos quatro cantos,
uma cartilha com sementes da Itália.

Bravo Rodrigo, menino
com vestes da capital.
Descubra quem pintou este sol
que invade o teu dia.
E que regador tão gigante
molha o perto e o distante.

Peça emprestado,  ao Ruschi,
o maior dos beija-flores.
Cavalga céus e campinas.
Pinta e borda a tua vida.

Paira sobre o verde vale do Canaã
um irrequieto e teimoso silêncio
como se o mundo pudesse explodir
a qualquer momento,
num momesco carnaval.
É um bate bate de pilão.
Tem cheiro de café da roça
servido com pão da terra.

Domador de tormentas.
Artilheiro alvinegro.
Detentor de estrela.
Disseminador de esperanças.
Brinde-nos com os teus hojes.
Os amanhãs ainda demoram a chegar.

4 comentários:

  1. Linha poesia. Rodrigo sempre foi um pouco nosso filho. Fazia as bagunças de todos os dias. Levado da breca. Temos muitas saudades de você menino. Seu tio postou esta poesia repaginada, por te amar muito. Nós dois te amamos bastante.
    Parabéns! Quantas pessoas podem merecer uma poesia? Você merece!

    Fátima Pimentel

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  2. Outro momento de busca ao belo. Você com suas letras perfeitas e bem casadas, transforma o acaso num acontecimento esplendoroso e a chama simples da vela, numa luz celestial.
    Beijos de amigo.

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  3. Realmente sem palavras, e pensando em Rodrigo, que saudades desse meu primo que tanta falta me faz, espero que essa ausência um dia seja derrubada, e possamos nos ver e relembrar dos velhos tempos de infancia, que por sinal deixaram muitas saudades! Um grande abraço meu primo!

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  4. Geraldo, viajo através do seu belo poema lírico. Vislumbro uma aldeia que não conheço, meus pés caminham por terras à procura de gente simples. Vejo colibris, pintassilgos e pássaros livres na copa das árvores. Sinto o cheiro da mata, do pasto e dos pães assando, feitos de forma artesanal. Uma linda viagem! Parabéns!Beijos, Alice

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