A velha e a praça
se contorcem
na contracapa
da velha revista
O Cruzeiro
Deitam-se imagens
no fosfalhar
do vento cineasta
que recria o desenho
animado e o cinema.
A velha tridimensional
baba nas estrelas.
Dente porcelanizado.
Corpo de brilho passado.
Momento eternizado
na capa da velha revista
O Cruzeiro.
Miss Brasil 58.
Estrela do Botafogo.
Adalgisa Colombo,
a mais perfeita,
a caminho das Américas.
Envolta num maiô Catalina.
Uma beleza Helena Rubenstein.
A velha agora torce.
Bandeira desfraldada
de um clube esmaecido
nas folhas amareladas.
Memórias rotas
do país do futebol.
Um país inteiro
desce pela direita.
E freia e ruma outra
vez pelo mesmo atalho.
Entorta pra esquerda
como se fosse voltar.
Namora a linha de fundo
e cria um caminho improvável.
Uma camisa de estrela é perseguida,
puxada, agarrada, rasgada.
O que veste a sete,
achou espaço entre pernas e dez
centímetros de gramado.
A velha ri como a adivinhar
o destino da bola que sai dos pés
de Mané Garrincha.
A velha e a praça
trocam a manchete
em noite comovente.
Vagam vazias, sem almas.
São espectros de um tempo
em que a praça era palco
dos sonhos da velha.
A velha estende a mão
e puxa para si o cobertor.
Histórias de outras vidas,
páginas encardidas
da velha revista
O Cruzeiro.
terça-feira, 25 de agosto de 2009
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