quinta-feira, 26 de novembro de 2009

O Laranjeiro e a Poeta

À Alice Monteiro, poema extraído de suas memórias, com o desejo do aniversário mais feliz de sua vida.

Na rua da Alice Monteiro
mora o mundo inteiro.
Ela é poeta.
Ela é Estelar.

Antigamente,
passava na estação ferroviária,
um laranjeiro.

O saco inteiro
com laranjas graúdas
e, possivelmente, de frutas suculentas.
Levava o menino, para uma outra cidade,
o saco abarrotado de igualdade.
Para onde, naturalmente,
não se produziam laranjas.

Alice não entendia
a sina do menino de bermudas:
Já tão cedo a trabalhar.
Locomotiva da vida,
em que estação vai parar?

O laranjeiro franzino,
com sua agilidade,
sem desconfiar,
criara o comércio exterior.

Foi nessa época,
de observá-lo,
que Alice resolveu
entrar para o ramo.

E passou a exportar sonhos, paixões,
amores e enlaces.
Produtos fresquinhos,
em forma de versos,
tirados da alma e do coração.

O laranjeiro e a poeta
exportavam alegria e emoção.
Estrofes amarelas como o céu de outono.
Sacudiam no trem a transportar esperança.

Na rua da Alice Monteiro
cabe o mundo inteiro.
Só o laranjeiro, não se avista mais.
Mas chegam recados, nas letras estelares:
Abre-se este dia, que é só de alegrias,
com notícias nobres:
O menino das laranjas virou poesia!

4 comentários:

  1. Sonhos, poesias...reunidos todos, nos versos mais que nobres.
    Parabens também, Sir Geraldo.

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  2. Querido Geraldo,
    Fiquei comovida com sua homenagem na passagem do meu aniversário.
    A poesia me fez voltar ao tempo. Vejo locomotivas de madeira nas letras estelares, impregnadas da memória do menino das laranjas na estação ferroviária.
    Para quem não sabe, esse menino franzino e pobre serviu de inspiração para meu primeiro poema. Assim, aos oito anos de idade, começava a pulsar minha veia poética.
    A você, amigo Geraldo, meu carinho e agradecimento. Beijos, Alice

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  3. Sua poesia é muito especial, tão repleta de narrativas que nos transporta a tempos e lugares. Parabéns!
    Também agradeço ao seu carinho no Pulsar Poético.
    :)

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  4. Geraldo,
    Sua belíssima analogia sobre o menino das laranjas me remete enlevado para imagens desde sempre impregnadas em minha alma: "O Carteiro e o Poeta" e "Cinema Paradiso". Imagens de amor, paixão e ternura na simplicidade de um humilde carteiro que conquistou o poeta Pablo Neruda e nas lembranças do menino que um dia se transformaria num grande cineasta. Seu poema em homenagem à nossa querida Alicinha reflete, com lirismo, a sua sensibilidade que - como disse um grande poeta - "passou a exportar sonhos e paixões tirados da alma e do coração..."
    Parabéns!

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