segunda-feira, 6 de abril de 2009

A Praça

As casas abraçam a praça,
que abraça as pessoas que passam
e acolhe a História do Brasil.

Na ponta extrema,
esquerda de algum lugar,
doze elefantes vermelhos coreografam
danças de uma tribo distante.
Alados homens de língua russa
voam num balé clássico.

Na outra ponta, onde se disputa
uma devassa negra, loira
ou ruiva, geladas:
o Odeon passa um filme
norte-americano do ano passado.

No permanente palco político,
em frente à Câmara,
idealistas clamam por
posições de sonhos.

Na Biblioteca Nacional
arquiva-se tudo o que foi
escrito no país e
ninguém nunca leu.

Os pombos e a praça.
Libertas Quae Sera Tamen.
Cem anos de Theatro Municipal.
Amarelinho desde 1921.

A Rio Branco despeja
um trânsito frenético
vindo das áreas mais
pobres da cidade,
rumo às zonas mais abonadas.

Uma estátua humana aceita
alguns centavos
em troca de um movimento
e de um sorriso.
Um homem doido solta
fogo pela boca.
E um pivete de toda hora
corre afoito entre o povo
com o celular que acabou de afanar.

A praça desfila moda de todas as classes
e serve de morada para os excluídos sociais.
Um turista suíço ferve e a verve de nada lhe vale.
A Cinelândia das Belas Artes tem a nossa cara.

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